Existe coisa mais gostosa?
Imaginem a cena:
Sentado aguardando o dentista e lendo um livro. O livro que publiquei e chegou recentemente. Na verdade apenas folheava e lia trechos aleatórios.
Com o rabo de olho noto uma pessoa ao lado tentando enxergar a capa. Sutilmente coço a cabeça e mostro um pouco mais da capa. Não escancarei, é claro, afinal não era pra tanto.
Voltei à leitura. Na verdade eu nem lia mais, meus olhos quase saltando para o lado tentando ver a reação da pessoa. Será que conseguiu ver?
Não aguentei, disfarçadamente dei uma coçadinha no joelho e mostrei descaradamente a capa do livro. Voltei a ler – ou fingir ler -, agora um pouco mais inclinado facilitando a visão por parte de minha provável compradora, torcendo para que o dentista não a chamasse nem a mim. Bom, se me chamasse diria delicadamente à recepcionista:
- Fala pra ele que eu não tô!
Resumindo, pois acho que já estou cansando os prováveis leitores deste pequeno texto, a moça, na casa dos vinte anos, perguntou:
- É bom o livro?
Busquei lá no fundo da minha alma a cautela necessária para responder, revirei todo o meu cérebro à procura das palavras corretas e sensatas para um momento único como aquele, juntei o que me restava de paciência e com toda a modéstia respondi:
- Bonitinho.
Ah, caramba (pra não usar outra palavra). Minha pressão deve ter chegado a mil. Dei um sorriso amarelo, mas por dentro arrancava os cabelos, dava dentadas no braço, cabeçadas na parede e...
- Posso ver? – disse ela com brandura.
Entreguei o livro como quem entrega seu filho recém-nascido à enfermeira.
Acho que ela notou. Olhou a capa detidamente, virou o livro e leu a sinopse. Voltou à capa e ao abrir o livro olhou a foto. Olhou pra mim. Olhou para o livro de novo.
- É você! Tá brincando comigo, né! É bom mesmo?
- Se não gostar te devolvo o dinheiro!
Sentado aguardando o dentista e lendo um livro. O livro que publiquei e chegou recentemente. Na verdade apenas folheava e lia trechos aleatórios.
Com o rabo de olho noto uma pessoa ao lado tentando enxergar a capa. Sutilmente coço a cabeça e mostro um pouco mais da capa. Não escancarei, é claro, afinal não era pra tanto.
Voltei à leitura. Na verdade eu nem lia mais, meus olhos quase saltando para o lado tentando ver a reação da pessoa. Será que conseguiu ver?
Não aguentei, disfarçadamente dei uma coçadinha no joelho e mostrei descaradamente a capa do livro. Voltei a ler – ou fingir ler -, agora um pouco mais inclinado facilitando a visão por parte de minha provável compradora, torcendo para que o dentista não a chamasse nem a mim. Bom, se me chamasse diria delicadamente à recepcionista:
- Fala pra ele que eu não tô!
Resumindo, pois acho que já estou cansando os prováveis leitores deste pequeno texto, a moça, na casa dos vinte anos, perguntou:
- É bom o livro?
Busquei lá no fundo da minha alma a cautela necessária para responder, revirei todo o meu cérebro à procura das palavras corretas e sensatas para um momento único como aquele, juntei o que me restava de paciência e com toda a modéstia respondi:
- Bonitinho.
Ah, caramba (pra não usar outra palavra). Minha pressão deve ter chegado a mil. Dei um sorriso amarelo, mas por dentro arrancava os cabelos, dava dentadas no braço, cabeçadas na parede e...
- Posso ver? – disse ela com brandura.
Entreguei o livro como quem entrega seu filho recém-nascido à enfermeira.
Acho que ela notou. Olhou a capa detidamente, virou o livro e leu a sinopse. Voltou à capa e ao abrir o livro olhou a foto. Olhou pra mim. Olhou para o livro de novo.
- É você! Tá brincando comigo, né! É bom mesmo?
- Se não gostar te devolvo o dinheiro!
Milton Xavier
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